Medida
faz parte
de campanha que tenta
reduzir número de escalpelados.
A Capitania dos Portos
e a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) iniciaram, ontem, mais uma etapa da
campanha para aumentar o número de embarcações com eixos de motor protegidos e
diminuir os escalpelamentos. Neste ano, já ocorreram seis acidentes em todo o
Estado do Pará. A nova etapa da campanha se estenderá até o
próximo dia 1º. Das 5 às 18 horas, os militares da Capitania dos Portos circularão pelos rios próximos a Belém para identificar as embarcações que ainda navegam com os eixos descobertos.
próximo dia 1º. Das 5 às 18 horas, os militares da Capitania dos Portos circularão pelos rios próximos a Belém para identificar as embarcações que ainda navegam com os eixos descobertos.
Os responsáveis pelos barcos estão sendo orientados a seguir até a feira do Açaí, no Ver-o-Peso, onde uma equipe da Capitania dos Portos fará a fixação das caixas metálicas sobre os motores. Há 150 equipamentos disponíveis para mais essa etapa da campanha. A circulação da embarcação sem a proteção do motor é irregular porque a Lei 9.537, que entrou em vigor no ano passado, torna o uso obrigatório. Se a lei fosse cumprida, os riscos de acidentes com escalpelamento das vítimas devem diminuir. A coordenadora estadual de mobilização social da Sespa, Socorro Silva, afirmou, no entanto, que cinco em cada dez barcos que aportam no Ver-o-Peso descumprem a legislação. No Arquipélago do Marajó, onde o transporte fluvial é mais intenso, a proporção é ainda menor.
O resultado desse
descaso é que, em cinco meses, ocorreram seis acidentes com escalpelados, cinco
deles na região do Marajó. No ano passado, foram registrados nove
escalpelamentos, sendo que somente um não envolveu embarcação e sim máquina de
olaria. O escalpelamento ocorre quando, sobretudo, mulheres se abaixam próximo
ao motor da embarcação e têm os cabelos enrolados no eixo que fica girando em
alta velocidade. As
vítimas ficam sem o couro cabeludo. Os acidentes também ocorrem quando, ao
invés do cabelo, é a perna da calça que acaba presa ao motor. O comum, no
entanto, é a mulher e, ainda, as crianças, terem o cabelo e o couro cabeludo
arrancados.
Socorro disse que o
acidente deixa marcas físicas e sociais nas vítimas porque, além de sofrerem
deformações na cabeça e no rosto, elas deixam de ter uma vida normal. Durante
muito tempo, terão que fazer cirurgias corretivas, por exemplo. A própria
rotina de temporadas longe de casa para tratamentos e o isolamento das vítimas
por vergonha mudam as vidas de toda uma família, frisou a coordenadora, para
quem, a decisão de cobrir o eixo do motor poderia evitar esse trauma. “Esses
pequenos cuidados livram todos de sofrerem problemas físicos e sociais para o
resto da vida. Não há como não dizer que as vítimas sofrem discriminação”, ressaltou.
A coordenadora afirma
que o certo seria os municípios assumirem a prevenção ao acidente. Em fevereiro
deste ano, os comitês municipais de combate ao escalpelamento de 16 cidades do
Marajó foram instruídos a organizar a busca ativa dos barcos que
trafegam em desrespeito à lei. O suboficial da Capitania dos Portos, Alencar
Sena, revelou que cerca de duas mil embarcações receberam coberturas de eixos
metálicos desde 2009. O material é confeccionado com ajuda financeira da
Petrobrás, da Eletronorte e dos Bancos do Brasil (BB) e da Amazônia. O número,
no entanto, é baixo perto da quantidade de barcos que navegam pelos rios do
Pará. A estimativa da Capitania é que existem cerca de 100 mil embarcações em
todo o Estado. Arnaldo Lima, de 55 anos, revelou que nem lembra quanto tempo
vive da embarcação, mas acredita que somente há pouco mais de um ano adotou a
proteção do motor. Até ontem, usava uma caixa de madeira, agora substituída
pela metálica.
Fonte: O liberal
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