Exploração sexual de crianças.
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Há cerca de
um mês, o Conselho tutelar de Breves, no Marajó, recebeu uma denúncia
envolvendo uma menina de 12 anos que teria sido entregue pelos pais a um homem
de mais de 30 anos para conviver maritalmente. A família pobre só queria se
livrar de uma boca a mais e entregou a filha para viver com outro pobre. Além
de abuso sexual a que a menina estava submetida, sobressai a violência
doméstica, muito praticada nesses casos onde o homem confunde o papel de marido
e de pai. O Conselho recebeu
também
denuncias de pais que submetem as filhas à prostituição em navios de cargas e
até de uma menina que vinha sendo abusada pelo primo de 17 anos. “Estamos
cada vez mais organizados para combater a violência contra crianças e
adolescentes que é resultado da ignorância dos pais e da impunidade“, afirma a
secretaria de trabalho e assistência social de Breves, Celi Rosana Rodrigues,
que tem larga experiência e prática em trabalho social e comanda o Centro de
Referência de Assistência Social (CRAS).
Tanto os
membros do Conselho Tutelar quanto os técnicos da secretaria cumprem uma árdua
tarefa de percorrer os rios e igarapés da região promovendo um trabalho de
conscientização principalmente entre crianças e jovens sobre seus direitos e do
apoio que podem contar em casos de abuso, exploração e violência. As reuniões
são realizadas com a participação de psicólogos, assistentes sociais, pedagogos
e assessoria jurídica em casos de mover ação penal ou destituição do pátrio
poder. A plateia recebe uma cartilha didática em quadrinhos onde o herói, o
menino Açaizinho, explica sobre a exploração do trabalho infantil e sexual e
mostra como denunciar os exploradores.
Diga não à pedofilia.
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“Há um falso
conceito que a exploração sexual no Marajó é cultural e aceito como uma prática
machista e que será preciso muito tempo para mudar. Não podemos aceitar isso.
Temos de romper esse paradigma através de ações planejadas e efetivas e não de
discussões estéreis em gabinetes climatizados debruçados sobre
estatísticas “, desabafa Celi.
Segundo ela,
a bolsa família contribuiu para minorar esses e outros casos porque mantém as
crianças nas escolas onde elas recebem alimento e conceitos de direitos
individuais, a família tem uma renda mínima para não passar fome e os
professores fazem uma triagem inicial de crianças em situação de risco, de
acordo com sua conduta que sofre alterações profundas quando molestada.
“A
prefeitura mantém a Casa de Passagem, em parceria com o governo federal, com
psicólogos e assistentes sociais a fim de atender jovens que são retiradas de
situações de exploração. Depois de alguns dias elas retornam para a família mas
continuam sendo monitoradas “, atesta. Sistematicamente o centro de referência
envia equipes volantes para identificar áreas de vulnerabilidade não só de
jovens como de portadores de necessidades especiais. Eles são informados de
seus direitos e encaminhados para receber os benefícios devidos.
Para os
cadastrados na bolsa família, Celi implantou cursos de qualificação
profissional em áreas que há demanda efetiva como diarista, pedreiro,
encanador, garçom, cozinha básica e de eventos (salgados e doces), balconista
dentre outros. “Rompemos aquela velha e falida prática de promover cursos de
crochê, bordado, artesanato barato que não insere uma pessoa no mercado de trabalho”,
assegura Celi. A secretaria reconhece que os desafios são imensos e os caminhos
complicados e perigosos porque contraria interesses de grupos que exploram a
prostituição. Mas acredita que o trabalho está no caminho certo, a
juventude cada vez mais esclarecida e a união de esforços entre os governos
federal, estadual e municipal certamente darão resultado. A Marajó tem jeito.
Enviado por: Pedro Medina
Edição: Marajó na Mídia
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