de mortes de
mulheres no mundo.
Em meados de 2012, a etnia Guarani-Kaiowá foi
alçada ao foco da opinião pública ao protagonizar um dos principais conflitos
de terra no país. A briga está longe de ser resolvida, mas, nesse caminho, os
índios conseguiram chamar atenção para as mazelas que vivem no dia a dia. Seis
meses depois, são notícia novamente, agora por um bom motivo.
Um projeto iniciado ano passado, levando fogões ecológicos às aldeias no Cerrado do Mato Grosso do Sul, ganhou o primeiro lugar num concurso do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Um projeto iniciado ano passado, levando fogões ecológicos às aldeias no Cerrado do Mato Grosso do Sul, ganhou o primeiro lugar num concurso do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
A história dos fogões foi escolhida entre 120
enviadas por 66 escritórios da agência no mundo inteiro. A tecnologia tem como
objetivo aumentar a eficiência energética, reduzindo a pressão sobre o meio
ambiente, e garantir mais saúde aos moradores, diminuindo a exposição dos
índios à fumaça.
Na prática, significou para as primeiras dez
famílias beneficiadas o fim do hábito de improvisar um fogão à lenha no chão de
casa para cozinhar. Sem proteção, esse modelo tradicional precisa de muita
madeira para deixar a comida no ponto e alastra a fumaça pela casa,
prejudicando a saúde dos moradores, especialmente de mulheres e crianças, que
passam mais tempo no ambiente. Feito de tijolo e finalizado com materiais
abundantes na região, como o barro, o fogão ecológico tem uma chaminé acoplada
e usa ao máximo o calor produzido pela queima da madeira. Segundo a
coordenadora das ações do Pnud dentro do projeto, Renata Oliveira Costa, a
tecnologia social está sendo ensinada aos próprios indígenas, que poderão
mantê-la.
A fumaça de cozinha é a oitava causa de morte de
mulheres no mundo. É um problema silencioso, mas muito perigoso — disse Renata,
por telefone, de uma das aldeias, na localidade de Panambizinho, no município
de Dourados (MS). A mudança parece pequena frente à turbulência em que vivem os
Guaranis-Kaiowás. E é. Mas representa consequências importantes no dia a dia
deles. Em primeiro lugar, reduz o uso de madeiras de florestas nativas. As
áreas delimitadas há cerca de seis anos para os índios abrigaram monoculturas e
são desmatadas, o que os obriga a buscar lenha em outros locais. Com isso,
mulheres da aldeia andam de oito a dez quilômetros, de três em três dias, e carregavam
a madeira nas costas, causando comprometimentos à saúde.
O fogão ecológico faz parte do programa “Programa
Conjunto de Segurança Alimentar e Nutricional de Mulheres e Crianças Indígenas”,
financiado pelo Fundo Espanhol para os Objetivos do Milênio e apoiado por cinco
agências da ONU, entre elas o Pnud. O projeto recebe ainda apoio do governo
brasileiro, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, e da Fundação
Nacional do Índio (Funai). Até junho, a promessa é instalar fogões em toda a
aldeia, beneficiando cerca de 80 famílias. Além de Dourados, o município de
Tabatinga também receberá o projeto, que, além dos fornos, tem outras
iniciativas, como reflorestamento de áreas degradadas.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário