PRECARIEDADE
Riscos
à navegação se agravam com o roubo de faroletes de iluminação e boias
A
precariedade da sinalização náutica nos rios do Pará coloca em risco cerca de
51 mil embarcações que navegam pela extensa malha hidroviária do estado. Entre
os municípios de Bragança e Óbidos, por exemplo, há 117 sinais náuticos, entre
os quais 55 bóias que sinalizam bancos de areia, e 62 faroletes, que iluminam
áreas perigosas dos rios na região. Cerca de 70% deles estão em funcionamento.
Os outros 30% precisam de reparos. O Serviço de Sinalização Náutica da Marinha
do Brasil (SSN-4/PA) destaca o vandalismo como principal motivo da sinalização
estar apagada. O valor dos equipamentos furtados oscila entre R$ 300 e R$
1.000. Instrumentos de segurança náutica com defeito podem ter contribuído para
11 acidentes com embarcações registrados até a última sexta-feira, 10, pela
Capitania dos Portos. São dois acidentes em média por semana. No ano passado,
foram 133, cuja média foi de 11 por mês. Registradas junto à Capitania, há 17
mil embarcações, mas a estimativa é de que, para cada embarcação legalizada, há
três navegando de maneira irregular.
O
capitão de fragatas do SSN-4, Marcelo Reis, diz que a inutilização dos sinais
náuticos se dá por causa do roubo de equipamentos essenciais, como as baterias,
usadas em automóveis e que custam, em média, R$ 300,00. "O painel solar é
arrancado para servir de bandeja ou peça decorativa, o que é um absurdo, pois o
valor dele se aproxima a R$ 1.000,00. Entretanto, quem retira estas peças não
são pessoas leigas, pois é necessário ter um conhecimento técnico para arrancar
a proteção nos aparelhos sem que deixem de funcionar", relata.
O
militar afirma que o problema é tão sério que a vida útil destes dispositivos
após a instalação é de, no máximo, um mês. "Às vezes fazemos uma operação
para consertar todos em uma determinada rota. Quando voltamos, há faróis e
bóias que já foram novamente depredados", diz ele. Atualmente, o SSN-4 tem
40 técnicos especializados para o conserto da sinalização náutica, além de três
lanchas e dois navios. "Quando precisamos substituir determinada peça, é
preciso aguardar mais de 60 dias, pois elas são importadas da Europa. Para
diminuir o problema, em toda a localidade que nós vamos fazer reparos, firmamos
parceria com a Prefeitura para ir às escolas, portos e comunidades ribeirinhas
ministrar palestras de conscientização", enfatiza. Ele explica também que,
em caso de flagrante, o infrator é encaminhado à delegacia de Polícia Civil
(PC) mais próxima, para que seja indiciado por depredação e furto de patrimônio
público. "Nós visitamos os pontos de sinalização pelo menos uma vez por
mês. Os navios de guerra também fiscalizam e nos acionam quando identificam
algum equipamento com defeito. Mas ainda assim é difícil que o vandalismo acabe
e tenhamos 100% dos instrumentos de segurança em funcionamento", lamenta o
capitão.
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