O queijo marajoara personifica essa nação das
ilhas povoadas por gente e búfalos, de um sabor inconfundível, este queijo tem
nome (Queijo do Marajó), não poderia ser diferente, o sabor inconfundível se dá
pelo fato de ser feito do leite de búfala e não de vaca como os tradicionais do
mundo afora, o queijo criado pelos europeus foi introduzido no Brasil desde o advento
da colonização, sabemos que são muitos os sabores, particularmente até hoje
desconhecemos alguém que tenha provado do queijo do Marajó e não tenha adorado
essa delícia legitimamente paraense. Veja mais fotos do preparo do nosso queijo.
Produto considerado riqueza amazônica está a um
passo de ter reconhecida sua denominação de origem. Raros são os lugares no
mundo onde se pode ver a força criadora da natureza em contínua metamorfose. A
ilha de Marajó, localizada no estado do Pará, é um destes. Resultado dos
constantes depósitos de areia e terra que o rio Amazonas despeja na entrada da
maré atlântica, nasceu a maior ilha fluvimarinha do mundo.
Devido às suas características naturais, a ilha
caiu nas graças dos búfalos. Estudos recentes indicam que os bubalinos chegaram
ao Marajó em 1895, pelas mãos do fazendeiro Vicente Charmont de Miranda. Hoje,
dos três milhões de búfalos no Brasil, das raças bubalus, kerabau e fulvus, um
terço está em Marajó e foram as fêmeas destes animais que deram origem a um
famoso queijo da região.
A tradição do queijo de Marajó, produzido por
fazendeiros portugueses e franceses, já tem séculos, mas no início era
utilizado o leite de vaca. Com o tempo e com o rebanho bubalino cada vez maior,
o produto passou a ser exclusivamente de leite de búfala.
A relação do consumidor paraense com os queijos do
lugar é íntima. Mesmo com muita informalidade e pouca padronização na receita,
o “Marajó”, como é chamado, é considerado o favorito dos habitantes. Além do
sabor, também se leva em conta que em lugares de clima quente os queijos mais
leves como os de búfala são mais apreciados.
Produção
O queijo de Marajó é produzido de maneira muito
simples. O mestre queijeiro Luis Ferreira Leal, que aprendeu a profissão aos
nove anos com o pai, não esconde o leite e revela sem truques todas as fases do
processo. Na fazenda com duzentas fêmeas todo o trabalho é feito por doze
homens que mensalmente produzem 1,2 mil quilos do tradicional queijo tipo
creme.
O processo se inicia geralmente no dia anterior,
com a filtragem e desnate do leite. A seguir ele é levado para um tanque no
qual fermentará espontaneamente. Horas depois é efetuado o corte da coalhada e
eliminação do soro. A etapa seguinte, que pode se repetir até quatro vezes,
retira a acidez. Nesta fase se acrescenta água à massa, que posteriormente será
aquecida e espremida em sacos de algodão. É o estágio em que o queijo adquire
consistência e uma realçada cor branca.
Mais algumas etapas são efetuadas até a fase final
em que é feito o resfriamento e, posteriormente, a moagem da massa que é
aquecida mais uma vez e agitada com uma enorme colher até a fusão atingir a
consistência desejada. Depois de enformados em recipientes de madeira ou
plástico, ficam estocados por 28 dias nas prateleiras antes de serem embarcados
para Belém onde são vendidos em lojas, feiras livres e mercados.
Reconhecimento
A tecnóloga de alimentos Elaine Lopes Figueiredo
vem trabalhando junto à Universidade Federal do Pará (UFPA) e à Empresa
Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa) para padronizar o queijo e
buscar o reconhecimento do produto. Seu trabalho também aponta para as
qualidades. "Por ser feito com leite cru (não pasteurizado) tem mais sabor
e é mais saudável. Além disso, possui 33% menos colesterol do que outros
queijos e, embora seja mais gorduroso, são gorduras não saturadas, ou seja, que
fazem bem à saúde”, explica.
Séculos são necessários para se criar um queijo
típico e o Brasil é pobre na produção dessas iguarias. No país, o queijo
mineiro também feito com leite cru na Serra da Canastra, em Minas Gerais, já
está registrado. O queijo de Marajó caminha para o mesmo reconhecimento. A
ideia é proteger o produto e dar certificado de denominação de origem. Para se
ter uma ideia, na França são mais de 600 tipos, dos quais 40 têm denominação.
O primeiro passo já foi dado no intuito de obter o
registro de indicação geográfica para o queijo de Marajó. O Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vem realizando o levantamento
de informações sobre os bens culturais da ilha. Preservar uma tradição exige
que também se resguarde os meios de praticá-la. Esta é a referência primordial
para que a cultura, neste caso “o fazer do queijo”, seja registrada como
patrimônio nacional imaterial e assim obter a certificação, tão valorizada nos
dias atuais.
Fontes: GLOBO RURAL
MARAJÓ NA MÍDIA.
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