domingo, 12 de fevereiro de 2012

PARÁ TEM 30% DA SINALIZAÇÃO NOS RIOS ALVO DE VANDALISMO


PRECARIEDADE
Riscos à navegação se agravam com o roubo de faroletes de iluminação e boias

A precariedade da sinalização náutica nos rios do Pará coloca em risco cerca de 51 mil embarcações que navegam pela extensa malha hidroviária do estado. Entre os municípios de Bragança e Óbidos, por exemplo, há 117 sinais náuticos, entre os quais 55 bóias que sinalizam bancos de areia, e 62 faroletes, que iluminam áreas perigosas dos rios na região. Cerca de 70% deles estão em funcionamento. Os outros 30% precisam de reparos. O Serviço de Sinalização Náutica da Marinha do Brasil (SSN-4/PA) destaca o vandalismo como principal motivo da sinalização estar apagada. O valor dos equipamentos furtados oscila entre R$ 300 e R$ 1.000. Instrumentos de segurança náutica com defeito podem ter contribuído para 11 acidentes com embarcações registrados até a última sexta-feira, 10, pela Capitania dos Portos. São dois acidentes em média por semana. No ano passado, foram 133, cuja média foi de 11 por mês. Registradas junto à Capitania, há 17 mil embarcações, mas a estimativa é de que, para cada embarcação legalizada, há três navegando de maneira irregular.


O capitão de fragatas do SSN-4, Marcelo Reis, diz que a inutilização dos sinais náuticos se dá por causa do roubo de equipamentos essenciais, como as baterias, usadas em automóveis e que custam, em média, R$ 300,00. "O painel solar é arrancado para servir de bandeja ou peça decorativa, o que é um absurdo, pois o valor dele se aproxima a R$ 1.000,00. Entretanto, quem retira estas peças não são pessoas leigas, pois é necessário ter um conhecimento técnico para arrancar a proteção nos aparelhos sem que deixem de funcionar", relata.

O militar afirma que o problema é tão sério que a vida útil destes dispositivos após a instalação é de, no máximo, um mês. "Às vezes fazemos uma operação para consertar todos em uma determinada rota. Quando voltamos, há faróis e bóias que já foram novamente depredados", diz ele. Atualmente, o SSN-4 tem 40 técnicos especializados para o conserto da sinalização náutica, além de três lanchas e dois navios. "Quando precisamos substituir determinada peça, é preciso aguardar mais de 60 dias, pois elas são importadas da Europa. Para diminuir o problema, em toda a localidade que nós vamos fazer reparos, firmamos parceria com a Prefeitura para ir às escolas, portos e comunidades ribeirinhas ministrar palestras de conscientização", enfatiza. Ele explica também que, em caso de flagrante, o infrator é encaminhado à delegacia de Polícia Civil (PC) mais próxima, para que seja indiciado por depredação e furto de patrimônio público. "Nós visitamos os pontos de sinalização pelo menos uma vez por mês. Os navios de guerra também fiscalizam e nos acionam quando identificam algum equipamento com defeito. Mas ainda assim é difícil que o vandalismo acabe e tenhamos 100% dos instrumentos de segurança em funcionamento", lamenta o capitão.

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