segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

HISTÓRIA DOS BÚFALOS NO MARAJÓ





Um dos processos mais importantes para a identidade marajoara é o advento que culminou na vinda dos búfalos para o Arquipélago do Marajó. A imagem dos búfalos com o tempo tornou-se um carimbo de identidade do nosso povo, mas o que poucos sabem é de onde eles vieram, e mais do que isso, é a importância que o Marajó teve e tem para a criação de búfalos de todo o resto do Brasil. Comprovando o legado cultural e financeiro para a nação brasileira.
Neste documento da ABCB (Associação Brasileira de Criadores de Búfalos), disponibilizamos a você algumas informações importantes para a explicação deste processo.

A principio, suas origens e possibilidades permaneciam ignoradas de seus próprios criadores, raramente eram focalizados nas publicações agropecuárias e nem eram matéria de ensino nas escolas de Agronomia e Veterinária.
O reduzido contingente de animais importados no passado, e o fato de o Búfalo não se cruzar com outras espécies de bovídeos, retardaram o aumento da população até a metade do século XX. Não figurava nas estatísticas e para muitos era apenas um animal selvagem, quando não confundido com os bisões americanos.

A ENTRADA NA AMAZÔNIA

Narram às crônicas que os primeiros Búfalos teriam entrado na Amazônia, em 1890 ou 1895, trazidos por condenados foragidos da Guiana Francesa em um barco que aportou na cota norte da Ilha do Marajó. Seriam da variedade Maláia ou da China, mas provenientes de Ilha do Caribe ou das Guianas, onde foram introduzidos pelos colonizadores ingleses e holandeses.


A mais remota entrada que se tem confirmado é o de uma importação por volta de 1902 feita por Bertino Lobato de Miranda, para sua Fazenda São Joaquim, nas margens do rio Ararí, no Marajó. Eram Búfalos pretos, de procedência italiana. Mais conhecida é a importação de 1906, feita por Vicente Chermont de Miranda para sua Fazenda Dunas e Ribanceira, na costa norte de Ilha. Com a ida de Chermont para o sul, seu rebanho ficou praticamente abandonado, tornando-se semi-selvagem e embrenhando-se nas matas e alagados da região. Eram tipo que veio a ser chamado “Rosilho”, mais tarde identificado como Carabao. Pela ordem cronológica segue-se aquisição em 1907 pela Usina Central-Leão de Alagoas, através da famosa firma Hagenbeck, de Hamburgo de Búfalos castanhos, pretos e com manchas brancas, já com denominação de “Carabao”.

Era hábito dos pecuaristas Marajoaras a caça aos “Rosilhos”, abatendo os machos para consumo e procurando amansar as fêmeas e os animais novos, utilizando-os nos trabalhos e cruzando-os com os “Pretos”, dando uma considerável parcela de mestiços.

Outra importação naquela época, para o Pará, foi devida a José Júlio de Andrade, para a sua Fazenda Arúmanduba, no Baixo Amazonas, perto de Belém. Ocasionalmente, nas décadas de 20 e 30, alguns poucos exemplares foram levados de Cássia e Franca para o Pará.
Na década de 50 o paulista Felisberto de Camargo importou da África de Sul, um reprodutor para melhorar o plantel de elite do Instituto Agronômico do Norte, mantido nas plantações Ford de Belterra. Não havia possibilidade de trazer da Índia Búfalos selecionados, em vista da proibição mantida pelo Ministério da Agricultura.

Karl Hagenberck
Em 1908 a firma Karl Hagenberck que mantinha em Hamburgo um famoso circo e um estabelecimento de importação e exportação de animais selvagens, inclusive com postos na Índia, remeteu para o jardim Zoológico do Rio de janeiro, onde foram colocados à venda alguns casais de Búfalos. Todavia em vista da falta de interesse dos pecuaristas fluminenses, esses exemplares foram levados para a Amazônia, onde de desenvolvia a sua criação.

Na década de 40, o DNPA – Departamento Nacional de Produção Animal, do Ministério da Agricultura tendo em vista as dificuldades enfrentadas pelos bovinos Europeus, e até mesmo pelos Zebuínos, decidiu estimular a pecuária regional do Pará, com programas de fomentos dos Bubalinos. Foi organizada a Fazenda de Criação de Soure, que recebeu um plantel de Búfalos “Pretos”, para a seleção da aptidão leiteira, conduzida por muito tempo pelo dedicado zootecnista Hugo Borborema. As fêmeas em lactação eram mantidas em regime de semi-estabulação e controle leiteiro, o único de que se tinha notícia na época, com produções de 8,10 e até 12 quilos diários.

Reprodutores e matrizes desses estabelecimentos eram vendidos anualmente em leilão para criadores da Ilha e de outras regiões do Pará. Rebanhos foram formados pelo Instituto Agronômico do Norte, sem sua sede no Município de Belém e em Belterra. Na margem direita do Rio Amazonas, em Santarém no Pará, foi instalada a Estação Experimental de Maicurú, que chegou a possuir quase 2.000 Búfalos.


ESTUDOS E FOMENTO

O primeiro autor brasileiro a se ocupar com os bufalinos foi o cientista Miranda Ribeiro. Em sua estada na Amazônia procurou estudar os Búfalos da Ilha do Marajó, tanto os de pelagem negra como os outros mais claros, portadores de regiões brancas no pescoço e nas extremidades dos membros. Notou que estes últimos diferenciavam ainda dos pretos quando ao desenvolvimento, perfil cefálico, inserção, forma e tamanho dos chifres. Formaram a grande maioria dos animais semi-selvagens, espalhados pelas matas e áreas alagadas. Eram chamados “Rosilhos”.

Em seu trabalho “Esboço Geral da Fauna Brasileira” publicado 1922 pelo Ministério da Agricultura, Miranda Ribeiro classificou o “Rosilho” como pertencente à subespécie Búfalos bubalis kerebau, que veio dar a palavra “Carabao” tipo predominante na Malaia, Indonésia, Indochina, Filipinas e na China, regiões em que desempenha papel importantíssimo nos trabalhos agrícola, desde o preparo do solo, servindo ainda como animal de solo e tração.

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Os búfalos têm grande importância para a economia no Arquipélago do Marajó. Além da carne e do leite de búfala, esses animais fornecem matéria-prima para as fábricas de couro. Rústicos, mansos e resistentes são usados como animais de tração nas fazendas e nas cidades, transportando mercadorias, puxando viaturas de coleta de lixo e servindo como montaria policial e atração turística na região.

O Pará ocupa lugar de destaque na pecuária nacional, com um rebanho de 8.058.023 bovinos, 2.124.098 suínos e 822.413 bubalinos, este o maior do Brasil. Historicamente, a pecuária paraense é uma atividade extensiva, desenvolvida nos campos naturais do arquipélago do Marajó e nas várzeas do Baixo Amazonas. Só com a chegada das grandes rodovias estaduais e federais, e suas vicinais, passou-se à pecuária bovina de terra firme, principalmente no sudeste paraense, com a implantação de pastagens em áreas de floresta.

A pecuária é uma atividade de grande importância para a economia paraense. É a opção de desenvolvimento de maior dinâmica, pois utiliza pouca mão-de-obra, manejo rústico e a capacidade de transformação em capital de giro é imediata. O principal entrave à modernização da pecuária paraense é a falta de investimento em tecnologia. (IstoéAmazônia).

Veja um pouco mais desta importância no vídeo abaixo. Viu?!... Agora você sabe mais.

Edição: Marajó na Mídia

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