quinta-feira, 7 de março de 2013

CÂMARA ESTUDA RECONHECIMENTO DO OFÍCIO DE ARTESÃO


Trabalho manual, ferramentas rústicas ou pouco tecnológicas e, acima de tudo, muita criatividade, fazem parte do cotidiano dos milhares de artesãos espalhados pelo Brasil. O ofício é muito comum na região norte, com destaque especial ao Pará, com os polos de produção de cerâmica como o artesanato de Icoaraci e a cerâmica marajoara e tapajônica, que já integram o patrimônio cultural do Estado. Com tantas formas, origens e feituras, o ofício está sensibilizando o poder público que incluiu a regulamentação do trabalho na agenda de discussão.


A categoria ganhou um dia no calendário oficial brasileiro, comemorado no próximo dia 19 deste mês. Contudo, permanece travado nas comissões da Casa o principal projeto que vai contemplar a categoria com várias prerrogativas. Trata-se da matéria que dispõe sobre a criação do Estatuto do Artesão, define a profissão e autoriza o Poder Executivo a criar o Conselho Nacional do Artesanato e o Serviço Brasileiro de Apoio ao Artesanato. Até agora, apenas a comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou em caráter conclusivo o projeto. A espera agora é pelo crivo das comissões de Educação e Cultura, Trabalho, de Administração e Serviço Público, Finanças e Tributação.

O projeto de lei nº 4544/12 define três tipos de atividade artesanal: arte, ofício e produção e confecção tradicional de bens alimentares. De acordo com a proposta, artesão é o trabalhador que exerce atividade artesanal, em caráter habitual e profissional, dominando o conjunto de saberes e técnicas a ela inerentes. No texto da lei, a autora do projeto, a deputada federal deputada federal Gorete Pereira (PR-CE) explica que: “os conhecimentos das artes são transmitidos, em regra, por via oral e por relações familiares ou grupais, necessitando ocorrer a sistematização e classificação das artes artesanais e de sua propagação para o conjunto da sociedade, considerando o aspecto cultural e artístico que o artesanato representa para conservar a identidade nacional”.

Segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2009, no Brasil existem cerca de 8,5 milhões de artesãos. Os índices revelam que destes, cerca de 87% são mulheres que recebem tradicionalmente as técnicas das mães e avós. Engrossando o time das artesãs está Miriam Diniz, 46 anos, que desde a infância já dedicava parte do tempo à confecção de objetos com “fuxico”. Foi por meio da comercialização destes artigos que ela pôde criar duas filhas depois que o pai foi embora. “Desenvolvo meu trabalho da melhor forma possível. Acredito no carinho e no zelo como ingredientes principais para conquistar meus clientes. Se aprovada, essa lei vai ajudar a todos que fazem uso do artesanato para sobreviver”, argumenta. O fuxico é uma das ramificações artesanais mais bem sucedidas no Brasil, e começa a transpor as fronteiras com a ajuda dos estilistas brasileiros, por exemplo.
Profissão

A matéria prevê que para exercer a atividade o artesão deverá requerer registro nas Superintendências Regionais do Trabalho, que emitirá o “Registro Profissional do Artesão”, desde que cumpram alguns requisitos como: exercer a atividade de forma profissional e habitual, mesmo que seja secundária, dominando o conjunto de saberes e técnicas inerentes, além de um sentido estético e perícia manual. O documento deverá ser validado a cada três anos. A proposta define três tipos de atividade artesanal: arte, ofício e produção e confecção tradicional de bens alimentares. Artesão é definido como o trabalhador que exerce uma atividade artesanal, em caráter habitual e profissional, dominando o conjunto de saberes e técnicas a ela inerentes. Para que a pessoa caiba na definição se exige que ela tenha sentido estético e perícia manual.

Entre os entraves para aprovação da lei está a definição do estatuto do artesão e da unidade produtiva artesanal, o que para a autora ofereceria condições de estabelecer uma estratégia de valorização e credibilidade das artes e ofícios como plataforma de afirmação da identidade e cultura nacionais. “Seria o reconhecimento do papel fundamental que podem assumir na dinamização da economia e do emprego em nível local e o fomento dos valores culturais e estéticos das diversas etnias e manifestações populares do povo brasileiro”, explica Gorete no projeto que tramita na Câmara.

Feira Mundial mobiliza artesãos em data dedicada à categoria este mês entre os próximos dias 16 e 24 de março Belém vai receber a Feira do Artesanato Mundial (FAM), que será realizada no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. O evento pretende reunir mais de 300 artesãos do Pará, do Brasil e do mundo com a oportunidade de aumentar seu volume de vendas e apresentar seus produtos para expositores de 18 estados e 20 países. Promovida pelo governo do Pará, por meio da Secretaria de Trabalho Emprego e Renda (Seter), e organizada pela Charph Eventos, a feira comemora em 19 de março o Dia do Artesão, registrado no calendário oficial brasileiro e deve movimentar R$ 200 mil em vendas diretas, além do volume de negócios indiretos.

De acordo com o titular da Seter, Celso Sabino, a feira é um acerto que será mantido. “Ano passado fizemos a I Feira Estadual do Artesanato e vimos o quanto isso foi bom para os nossos artesãos. Movimentou dinheiro e fechou negócios, a visibilidade é grande. Agora vamos fazer essa edição especial da feira e em agosto teremos a II Feira do Artesanato Paraense”, revela.
Confira

Feira do Artesanato Mundial (FAM) e I Feira em Homenagem ao Artesão.
Data: de 16 a 24 deste mês no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia.

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